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Este blog destina-se à publicação do meu devir-poético, dos meus poemas, devaneios surreais, prosas-delícias-poéticas, estados de espírito-inspiração, utopias, sonhos, rizomas que a arte literária possibilita para o desterritório de subjetividades, para efetivar uma singularidade por meio do prazer estético que a escrita e a leitura possibilitam.
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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Amor, tipo da coisa que descoisa


Tela  24x33cm - AMOR- Artista Graça- Portugal


Em termos carnais, banais demais, é comum existirem argumentos contra o amor. Realmente, eles não só existem como coexistem em atitudes que podem levá-lo ao grau zero de desprezo, de desrespeito e de desespero para o sofrimento de muitas pessoas que não conseguem enxergá-lo senão como objeto de posse: a coisa que descoisa. Muito pessoalmente, detesto obviedades, inclusive as que podem aparecer no amor. Para mim, só tem sentido mais forte tudo o que me faz sair da sanidade, ou da insanidade, para o lado contrário, e que de lá venha a inundar o meu espírito de descobertas e intensas sensações em puro êxtase. Amar, simplesmente não perder o amor de vista, não perder a vista do amor a si próprio, seja ele bruto dragão em efervescência ou dócil e silencioso réptil à espreita, como se à procura de uma chance no coração de outrem. Amor que não se prende, mas que se espalha; que se atravessa, mas não interrompe a ciclotimia da vida de cada um dos declarados (des)amantes. Amor que soma, mas não some; devora, mas não machuca; envolve, mas não enrola. Tipo da coisa que descoisa, o amor que toca a pele e destoca desejos, desentoca libidos, provoca efusões labiais e delírios carnais. Amor, tipo da coisa que descoisa e pode acabar só na epiderme sem nunca chegar a tocar na hipoderme dos sentimentos além-corpo-parceiro. Sim, podem existir argumentos sentimentais incontáveis contra o amor, por parte de mulheres decepcionadas com suas fantasias, por parte de homens mal lapidados para usar a sua sensibilidade, porém a coisa que descoisa dentro de mim, o amor, não deixarei que se afaste, porque ele me convence, e mostra que não me interessa a liquidez humana, o desgaste dos incompreendidos, o ronco dos desapaixonados ou o azedume dos realistas/pessimistas. Em mim, a coisa que descoisa, o amor, existe e se constitui no meu impulso revolucionário anônimo, naquela ação que se infiltra entre as desumanidades para acalmá-las ou substituí-las, por meio da paz que sinto entre as nossas pernas entrelaçadas. Somente elas que sabem a repeito da dimensão necessária para que caminhemos… apenas caminhemos, em todas as direções, em vários tempos, de vários jeitos, acalentando aqueles corações que nunca souberam o que isso significa.

Tânia Marques

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