gosto de palavras escorregadias, como sabão, gordura e tobogã, pois elas são sebosas, lustrosas, brilhantes. não param quietas, deslizam com facilidade para chegarem a um novo lugar na semântica. mexer com as palavras requer certa habilidade; assim também acontece com os sapos, com as tartarugas, com as cobras. a vida entre todos requer um exercício ousado de potências nestes “entres”, e as palavras podem fazer a mediação entre o “certo” e o “errado”, entre o “belo” e o “grotesco”, por exemplo, pois elas não são certas nem erradas, as palavras não são belas nem grotescas, elas são apenas as palavras e do jeito que as queremos que sejam, do jeito que desejamos que elas nos comuniquem algo conhecido ou desconhecido para nós. as palavras não são as coisas, e as coisas não são as palavras. eu, Tânia, poderia me chamar também os meus outros anagramas: Anita – Inata – Tiana – Niata – Itana... quem sou eu, então? um anagrama de mim mesma, uma espécie humana de palavra multifacetada em nomes formados aleatoriamente pelas mesmas letras, fonemas e morfemas? será que essas outras também me representam?
Tânia Marques 22 de junho de 2011
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