e insiste que ela pode ser desenhada
para a fome das pessoas, dinheiro
para toda dor que há no mundo, alienação
andorinhas tecem mais um verão
os carros buzinam sem parar a poluição
o destino do planeta é enfadonho
poucos denunciam o prato vazio
quem faz do seu grito um gemido
esconde de si próprio
as torturas da humanidade
os autoflagelos da desigualdade
quem faz um poema panfletário
tem diarreia frequentemente
vomita a desgraça que nem sempre é sua
mas que suja o chão por onde os outros passam
abismos separam os homens
não das covas forjadas
nem das opiniões pichadas
mas da vida privilegiada
Tânia Marques 31/12/2010