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Este blog destina-se à publicação do meu devir-poético, dos meus poemas, devaneios surreais, prosas-delícias-poéticas, estados de espírito-inspiração, utopias, sonhos, rizomas que a arte literária possibilita para o desterritório de subjetividades, para efetivar uma singularidade por meio do prazer estético que a escrita e a leitura possibilitam.
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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

frestas: narrativas dos estados moleculares


alguém que passa... despassa 
pinta 
papel 
parede 
a face 
pensa 
na mácula suave... 
das tintas 
nuanças 
rudimentos 
laivos 
tons 
sobre o contaminado... 
imprime 
força 
intensidade 
acontecimento 
nas ações 
nas fabulações 
que rompem... 
com o imaginado antes



Tânia Marques  09/12/2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

(in)tensa sensação

Criamos bichos internos
Vorazes deterioradores
Das nossas crenças descabidas
Estas merecem, por isso, serem bem digeridas
Por que é necessárioque desapareçam
Lutemos com forças e intensidades
Sujos disfarces
Mergulho no nada
Fuga da morte

Tânia Marques 07/12/2011

domingo, 4 de dezembro de 2011

Minha pele também é preta


Minha pele também é preta
Porque a raça humana é uma só
Sou negra, sou branca, sou amarela
Não importa qual é a minha cor
Minha pele também é preta
Em vez de folclore
Quero a minha cidadania
Passei por muitas senzalas
Correntes, açoites e ventanias

Negras rezadeiras
Negras benzedeiras
Negras cozinheiras
Negras artistas
Negras lutadoras
Negras professoras
Mães negras
Do passado,
Tiram sabedoria
Do presente,
São mulheres guerreiras
Que constroem resistências,
identidades culturais,
espaços de igualdade
e de liberdade sem fronteiras

Minha pele também é preta
Como é a pele de quem luta
Contra o preconceito
Contra a violência
Contra a hipocrisia
Contra o desalento

Minha pele também é preta
Mas a minha alma não tem cor
Nela cabem todas as etnias
Mas nenhum conformismo
Mas nenhuma injustiça
Mas nenhuma discriminação
Mas nenhum tipo de racismo

Minha pele também é preta
Porém meu sangue é vermelho
Vermelho de paixão
Minha paixão é a história de minha vida
E minha vida é luta incessante e contagiante
Pelo respeito à diversidade e às diferenças
Todos somos um num arco-íris de amor

Tânia Marques em 19/11/2011

sábado, 12 de novembro de 2011

palavras batidas

palavras sujas
palavras batidas
pam, pum, plim
surradas
sussurradas
desgastadas
velhas palavras usadas
brechó
brique
borogodó
ó

tambor de palavras empilhadas
na estante do dicionário empoeirado

Tânia Marques

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Aforismos by Tânia Marques

*Paixão: submundo do amor.
*Cada um com a sua bússola.
*Escorrendo a admiração pelo ralo, não há mais nada a fazer.
*Quando o discípulo supera o mestre, é por que este não se permitiu testar novas possibilidades.
*Quem perde o respeito por si próprio, banaliza a vida.
*"Burro" é quem insiste na paixão errada.
*Homens fracos, que gostam de serem comandados, acabam perdendo o tesão por si mesmos.
*O discurso de quem faz "bullying" ou "cyberbullying" é sempre o mesmo, surrado de idiotices que só a si mesmo dizem respeito.
*Amo a poesia que é transparente de sentido, caótica, desordeira, insubordinada a regras quaisquer.
*O surreal me encanta porque foge da lógica dos ditos homens, seres desumanos...
*Melhor que tudo fique apenas no pensamento, não há motivos para se tocar na carne. #Sou vegetariana!
*Sou da paz, sou do amor, sou da vida pequena com grandes sentires. 
*Nenhum poeta é mais meu do que Manoel de Barros #tenhoditoeamo.
*Gosto demais desta máxima: "Eles não se equivalem, eles se equimerdam"! #sópararatificar, para dizer que eles se merecem. 
*Nada a esconder, nunca visitei o submundo. Sou transparente de poesia e transbordante de emoção.

domingo, 18 de setembro de 2011

devir-passarinho

Minhas falas no Facebook em poema... obrigada aos interluctores!
clichês, clichês... mais clichês!
temos que desformatar, 
desterritorializar em nome do devir-passarinho...
voar, voar, voar e sonhar... para devir novos devires
as sensações... são as melhores possíveis, 
porque elas não têm direção
não amarram, mas desatam os nós das hipocrisias, 
dos fingimentos institucionais
devir-passarada, devir-passarão, devir-passarinho
sem céu demarcado, sem chão para se enraizar
sensações, desejos, imensidões infinitas de alegrias
e, nas asas desse pássaro-verdade-vermelho, 
eu me jogo e sobrevoo o tempo perdido, 
pensando que o tempo estava achado, 
estava chocando, 
um tempo de hibernação que impulsiona os sentimentos ao caos 
e depois à libertação...
...na pluralidade e na singularidade da vida que sempre vem nova, sem lado certo, sem jeito certo, onde o sul de nossos corações falam mais alto do que o norte da nossa imbecilidade, viremos os mapas de cabeça pra baixo,
a verdade, onde está a verdade? na grama? na cama? no corpo? na alma?
somos passarinhos das multiplicidades, não precisamos cumprir um roteiro preestabelecido, 
porque nos fortalecemos nos devires-paixão, 
nos efeitos sinestésicos
"somos desejo e ação"... emoção
somos puro êxtase metamorfoseante!
somos o que quisermos ser, 
mas com muita liberdade de aterrissar em jardins que nos acolhem...
existem jardins que ficam perto, e outros, longe do nosso vôo,
por onde queremos transitar?
vamos nos deixar afetar e afectar, para o desfazimento do bruto
sabemos que o devir é, às vezes, muito forte, incontrolável, passarinhos indecifráveis,
voos de asa-delta colorida.

Tânia Marques  18 de setembro de 2011 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

tempo: imensurável


do jeito que eu olho, a vida vem sem início e sem fim, atravessada pela luz do sol, pela cor das flores e pela escuridão da noite; por um tempo onde o seu limite é a nossa consciência e não um calendário forjado para demarcar datas. desmarquemos o tempo do relógio, desmarquemos todos os instrumentos que indicam medição, inclusive as provas escolares, inclusive a nossa rotina biológica, inclusive o nosso pontual sorriso sem graça. desmarquemos os territórios demarcados, pois tudo é de todos, a vida, o sol, a lua, o amor e o sul. o "norte" que me guia é o sul, viremos os mapas de cabeça para baixo, chega de submissão ao hemisfério de cima. construamos linhas de fuga para a alegria, para a liberdade de ser como somos, nunca esquecendo de lembrar: quem dá as projeções cartográficas do mundo, da vida e do nosso corpo somos nós.

Tânia Marques   15 de setembro de 2011.

Fonte da imagem: 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

sonhos

carregamos os sonhos
e de tão leves
eles voam nas asas dos passarinhos
que povoam a nossa mente tranquila

Tânia Marques  07/09/2011

Fonte da imagem: meuspoemasfavoritosdois.blogspot.com

terça-feira, 6 de setembro de 2011

beijo

beijo,
salivas que se fundem
para conversar sobre o amor
para espalhar segredos e ilusões
que deslizarão pelas escavações
da alma em precipício


Tânia Marques 06/09/2011 

Fonte da imagem: 
omundoeteen10.blogspot.com

domingo, 28 de agosto de 2011

sou puxada por ventos

sou puxada por ventos, palavras esvoaçantes e beijos estonteantes. não tenho início, não tenho fim, vivo entre a terra árida e os rios carregados de peixes. gosto de sol, gosto de olhar os esconderijos secretos de cada um para ver se lá estou escondidinha. sim, um pedacinho de mim em cada corpo forma-ta-do. viajo numa direção oposta e me solto desse alguém, não tem sentido a vida do complemento parasita, engana-se quem acha que o “re” de representar, de reproduzir é salutar. a vida é percurso de várias voltas, de idas e vindas, de altos e baixos. tenho que deixar que ela fuja do centro que espia e amaldiçoa o seu prazer.

Tânia Marques  28/08/2011

Fonte da imagem: tivas.wordpress.com

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

di-visão-de-si

divisão
dicotomia incessante
dia e noite
penetração inevitável
contaminação explosiva
do dia, o caos
da noite, a reflexão
luz e trevas a corromper
estados do sentir imperceptíveis
imagem borrada
indefinida jornada
busca de si atrás de cores obtusas
o corpo já não suporta
aquilo que o espírito digere
é preciso desentranhar-se
estranhar-se no tempo
que não se sabe


Tânia Marques 26 de agosto de 2011


Fonte da imagem:niilismo.net

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

falo do falo que é torre

cavalgar, cavalgar, cavalgar
até derrubar a torre
a torre de que eu falo...
eu falo do falo
que é torre 
por assim vertical estar
mas que imana 
nunca igual
horizontais sensações ...


Tânia Marques

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

olhares

entre o passado e o presente
entre a vida e a morte
existe uma porta
há um caminho
a verdadeira estrada
a lucidez dos meus doces desejos
a lembrança de enluarados beijos

entre a madrugada e o anoitecer
moram olhares
que nos espreitam
nossa!
quanto prazer!

Tânia Marques 15 de agosto de 2011

Fonte da imagem:

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

silêncio anônimo


sinto para des-aprender
des-aprendo para sentir
sinto o sentir no vácuo
o grito violenta o silêncio
o silêncio ri o riso da inércia
a inércia é o ócio
o neg-ócio é nada
nada mais que sentir
o silêncio esfacelado
trans-borda-mental

Tânia Marques  11 de agosto de 2011

sexta-feira, 8 de julho de 2011

o beijo

o beijo é rizoma
é um agenciador
de sentimentos
infinitamente nômades
que eclodem em um
corpo apaixonado e
desgovernado


Tânia Marques 08 de julho de 2011

Fonte da imagem: Google images

domingo, 3 de julho de 2011

registro amoroso

Cupido y Psyche - Rodin

O lápis traça elegantemente o contorno das letras
Letras que gravam o meu desejo por ti
Tuas mãos lapidam a superfície do meu ser
Tocam surpreendentemente o inatingível
Entalhando sensações apaixonadas
Ambos esculpimos vontades em nossos corpos
Estampamos sentimentos em nossas almas
Inscrevemos um artistar amoroso na psiquê
A arte faz do nosso encontro
Um momento único
uma possibilidade
Atemporal
Eternal

Tânia Marques 03 de julho de 2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

o escultor

O Beijo - Rodin
tuas mãos são ferramentas
que modelam meu corpo em sentimentos
sentimentos que se transformam em magia
magia que revela algo singular do teu amor
teu toque sublime penetra no meu espírito
alisas minha pele com a doce suavidade
de uma manhã outonal de domingo
ao acariciar-me, despes as minhas verdades
mas logo meu beijo intenso descobre as tuas intenções
rolamos num tapete repleto de folhas de plátanos
elas são os confetes do nosso carnaval poético
misturam-se as nossas pernas, misturam-se as nossas artes
modelamo-nos naturalmente num só ser
e a lua, e o sol, e a vida comemoram o nosso encontro.
Tânia Marques   24 de junho de 2011

Poema dedicado a alguém que sinto muito especial em minha vida...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

anagrama

gosto de palavras escorregadias, como sabão, gordura e tobogã, pois elas são sebosas, lustrosas, brilhantes. não param quietas, deslizam com facilidade para chegarem a um novo lugar na semântica. mexer com as palavras requer certa habilidade; assim também acontece com os sapos, com as tartarugas, com as cobras. a vida entre todos requer um exercício ousado de potências nestes “entres”, e as palavras podem fazer a mediação entre o “certo” e o “errado”, entre o “belo” e o “grotesco”, por exemplo, pois elas não são certas nem erradas, as palavras não são belas nem grotescas, elas são apenas as palavras e do jeito que as queremos que sejam, do jeito que desejamos que elas nos comuniquem algo conhecido ou desconhecido para nós. as palavras não são as coisas, e as coisas não são as palavras. eu, Tânia, poderia me chamar também os meus outros anagramas: Anita – Inata – Tiana – Niata – Itana... quem sou eu, então? um anagrama de mim mesma, uma espécie humana de palavra multifacetada em nomes formados aleatoriamente pelas mesmas letras, fonemas e morfemas? será que essas outras também me representam?

Tânia Marques  22 de junho de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

amor não é consumo



desliza a vontade, mas vontade não é tudo, e tudo não é desejo, e desejo não é consumo, e consumo não é amor. há que se brincar com as palavras, principalmente com aquelas que são morrinhentas feito azedo, exploração e preconceito. no amor não há vale-quanto-pesa a submissão, porém há o viés do sensível e acolhedor jeito de ser gente de cada um. cada um trilha a sua história, estradeando-a de paz ou rebeldia, não importa, é aceito o ato em si, o ato humano de modificar...seguimos, portanto, com vontade, desejo e amor ...metamorfoseando a vida na Terra.

Tânia Marques 19 de junho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

o que pode a escritura?

a escritura pode tudo ou nada?
com ou sem sentido se escreve?
é possível um registro
descarregado de ideias?
vazio de conexões,
ausente de sentimentos,
sem um "eu" sobrepondo-se a outros "eus"?
era uma vez... um eu-passarinho liberto
do vício de te chamar
entre lírios e emoções
de poema sujeitado,
subjugado a dores e paixões.

Tânia Marques 15 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

. a madrugada .


 .sou amiga da madrugada, sempre fui de varar a noite estudando. a madrugada é gostosa parceira na companhia dos bons livros. uma madrugada chuvosa romântica é. a lua é companheira de estradas madrugadeiras, a lua, a chuva e a vidraça. delas mais me encanta a chuva ou a lua cheia. a lua plena é o sol da noite. madrugada fria, noite gelada, lua congelada, chuva no telhado de zinco... um soninho gostoso chama. chuva forte espanta gatos e demônios do quintal. chuva, lua, gatos e vidraças. a madrugada comanda espetáculos sedutores e silenciosos também dentro das casas, dentro dos quartos e salas das casas. nas camas, sofás, tapetes e almofadas, corpos rolam num bailado encantado, encaixados, abraçados. embriagados de amor, eles fazem promessas infinitas de minutos eternos, ternos. os corpos balbuciam desejos, sussurram carícias inefáveis. a madrugada nunca sente solidão, porque ela está sempre distraída, ela está sempre envolvida com nossas cabeças pensantes de madrigais e músicas estonteantes, com nossas vontades vorazes de angelicais silêncios e demoníacos desejos.

Tânia Marques  03 de junho de 2011.

Fonte da imagem: rabiscandopoesiasrj.blogspot.com

terça-feira, 31 de maio de 2011

Paranoia temporal

Corrói por dentro
Essa dor de solidão
Doída
Me persegue silenciosa
Me faz sentir frágil
Velozmente suscetível
Choro minha angustia em agonia
De ser triste e estranho a mim mesmo
Quero sentir o amor
Nos meus poros festejando
Não preciso de compromissos marcados
Me destituo de toda e qualquer exigência
Quero abraço amassado
Quero lágrimas de risos
Quero a vida desejada
Pura, simples e bela
Como os sonhos que não são forjados
Nem complexos ou comprados
Mas tudo no tempo (in)certo


Tânia Marques 31 de maio de 2011
Foto: Arquivo pessoal.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Vidas, utopias e poesia

Poesia é mudança,
esperança,
andança
É o balbuciar de uma criança
É o registro de lembranças
Lembranças de um eu-profundo
Nem sempre tão impuro
Nem sempre tão imundo
Mas insensatamente fecundo

No filtro da memória

Cada poeta trilha sua história
Às vezes extensa e notória
Outras tantas pela metade
Dias escuros, meias verdades
Mas vêm o registro de algumas vontades

Poeta encantador,

Poeta da dor e do amor
Tu és dádiva em flor
Tua palavra é puro esplendor
No corpo da madrugada
De inspirações e vidas cravadas
De florestas sentimentais
e utopias estruturadas

Tânia Marques 27 de maio de 2011

Fonte da imagem: viva-utopia.blogspot.com

quinta-feira, 19 de maio de 2011

filosofia amorosa

Vida de gestações diversas,
nenhuma alma gentil
parida do amor
veio até mim

a inspiração chega
e atravessa a solidão
no seu mais recôndito
e irresistível esconderijo:
seu corpo

suas palavras são alimentos
simbólicas tempestades
vulcões em erupção
beijos ardentes
entre pernas e corações
pulsações incessantes

você é êxtase liberto
sentimento secreto
gustação sensual
estrela lucilante
noite enluarada
chamamento
urgente
ardente
pujante

Tânia Marques 19 de maio de 2011

...transição


o verão envelheceu
já é outono
as folhas dos plátanos
estão desmaiadas no chão
amareladas
desajeitadas

daqui a pouco, as árvores
ficarão nuas de inverno
pelas ruas, somente o sol
o frio e a geada

o inverno é ausência
de calor
de amor
é quando o suspiro congela
e a brasa da lareira assa
os meus sonhos de primavera

quero hibernar em seus braços
quero me embriagar nos seus beijos...

Tânia Marques 19 de maio de 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

.sedução.

.num tear de ilusões fugidias, eu desenrolo o novelo dos enganos imanentes do amor. farsa promíscua e irreparável, espelhada diante de um presente inconsistente. há que se soltar o fio enrolado até chegar-se ao nirvana sentimental. sensações amiúde invisíveis são aquelas que rastejam a lama ulterior ao cio. os afagos das palavras gementes abafam vidas nada suaves, inconstantes, divinamente cooptadas pela alegoria de um vir a ser poético numa derradeira antropofagia mística. as palavras masculinas comem as mulheres pelos ouvidos, penetram nos seus corações solitários, libertando libidos telepáticas, antipáticas, pois estão minimizadas pelas distâncias corpóreas. não te quero em mim invenção, imaginação criadora, porque preciso tecer uma cama de beijos e paixões vibrantes nas entranhas da carne. o desejo é volátil sedução, cega compulsão, teus lábios a roçar minhas coxas, delírios de cavalgadas noturnas. teu hálito refresca a boca minha, teus olhos discorrem sobre encantos estivais... e a lua? a lua esvaece extasiada ao clarear o dia. teu sono é orvalho em rosa, e os meus sentidos navegam docemente sobre o teu sexo. desenrolo o novelo das histórias passadas, para voar mais alto no presente, tão intensamente quanto o vento me levar. há quem precise atravessar mares de solitude para em ti chegar, há quem precise somente do vento para sonhar.

Tânia Marques 10 de maio de 2011

Fonte da imagem:

domingo, 8 de maio de 2011

Ainda te Necessito - Pablo Neruda

(Pablo Neruda - Tradução Lustato Tenterrara)


"Ainda não estou preparado para perder-te
Não estou preparado para que me deixes só.


Ainda não estou preparado pra crescer
e aceitar que é natural,
para reconhecer que tudo
tem um princípio e tem um final.


Ainda não estou preparado para não te ter
e apenas te recordar
Ainda não estou preparado para não poder te olhar
ou não poder te falar.


Não estou preparado para que não me abraces
e para não poder te abraçar.


Ainda te necessito.


E ainda não estou preparado para caminhar
por este mundo perguntando-me: Por quê?


Não estou preparado hoje nem nunca o estarei.


Ainda te Necessito."

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Eu adoro voar

Eu adoro voar...
e que esse voo seja
a vida penetrando na aurora
um voo de orvalho em êxtase
um voo masturbador de flores
um voo multiplicador de vida
um voo distribuidor de pólens
pólens de amor para fecundar a terra
uma terra para todos
uma terra sem fronteiras
sem fronteiras para amar
Eu adoro voar...

Tânia Marques 04 de maio de 2011


Fonte da imagem: 
http://palavrasaovento.blogs.sapo.pt/arquivo/2004_02.html

sexta-feira, 29 de abril de 2011

usura


o limite ajusta o homem
na maioria das vezes
onde ele não quer estar
seu corpo é um cárcere sem chaves
por isso ele não consegue ousar
desobedecer
romper sua barreira orgânica
rebelar-se
desterritorializar-se
e do limite
suas linhas não conseguem fugir
mas mesmo assim
ele diz que tem liberdade

não há liberdade
sem ruptura
não há liberdade
na clausura
não há liberdade
quando a vida é fruto da usura.

Tânia Marques 29 de abril de 2011

Fonte da imagem: 8anoaomelhor.blogspot.com

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Microfascismo


Tecida a teia
o poder se manifesta
a aranha trama
uma sepultura de dor
dor elíptica
que sangra no escuro
dor que amordaça de dia
dor que amarra nas suas entranhas
dor que inferniza a vítima
dor que infla-ego dos algozes
correlação de forças

O microfascismo aprisiona calado
potenciais de vida
de vida liberta,
parida de subjetividades
é estúpido, cruel, inválido
invasivo
bullying
assédio moral
violência doméstica
assédio sexual
discriminação
preconceito
aversões múltiplas
realidades forjadas
pelo discurso demagógico
pelo açoite das palavras
dos gestos
dos gritos
numa teia que não é de aranha
mas de relações
deploráveis
injustificáveis
intensificáveis
num poder coercitivo
de abuso capilar
molecular
invisível

Tânia Marques  21 de abril de 2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O a-mar

No mar eu encontro
ondas que me trazem
o encontro da paz tão almejada
ondas que levam aos anjos
os meus desejos infinitos de amor

No mar eu contemplo
o reflexo do sol que me consola
os pingos da chuva que me inspiram
o voo das gaivotas que espionam minhas dores

No mar eu deposito
a confiança dos meus conflitos
do mar eu recebo a esperança da juventude
ao mar eu lanço o olhar da minha alma
do mar eu ganho auxílio para minhas fraquezas
no mar eu despejo as minhas dúvidas e incertezas

O a-mar é reticente
Mesmo assim, pergunto ao oceano:
o que é a-mar?
É uma transcendência cósmica
que me põe em contato com o outro
para que eu venha a me apaixonar.


Tânia Marques 07 de abril de 2011

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