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Este blog destina-se à publicação do meu devir-poético, dos meus poemas, devaneios surreais, prosas-delícias-poéticas, estados de espírito-inspiração, utopias, sonhos, rizomas que a arte literária possibilita para o desterritório de subjetividades, para efetivar uma singularidade por meio do prazer estético que a escrita e a leitura possibilitam.
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sexta-feira, 24 de junho de 2011

o escultor

O Beijo - Rodin
tuas mãos são ferramentas
que modelam meu corpo em sentimentos
sentimentos que se transformam em magia
magia que revela algo singular do teu amor
teu toque sublime penetra no meu espírito
alisas minha pele com a doce suavidade
de uma manhã outonal de domingo
ao acariciar-me, despes as minhas verdades
mas logo meu beijo intenso descobre as tuas intenções
rolamos num tapete repleto de folhas de plátanos
elas são os confetes do nosso carnaval poético
misturam-se as nossas pernas, misturam-se as nossas artes
modelamo-nos naturalmente num só ser
e a lua, e o sol, e a vida comemoram o nosso encontro.
Tânia Marques   24 de junho de 2011

Poema dedicado a alguém que sinto muito especial em minha vida...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

anagrama

gosto de palavras escorregadias, como sabão, gordura e tobogã, pois elas são sebosas, lustrosas, brilhantes. não param quietas, deslizam com facilidade para chegarem a um novo lugar na semântica. mexer com as palavras requer certa habilidade; assim também acontece com os sapos, com as tartarugas, com as cobras. a vida entre todos requer um exercício ousado de potências nestes “entres”, e as palavras podem fazer a mediação entre o “certo” e o “errado”, entre o “belo” e o “grotesco”, por exemplo, pois elas não são certas nem erradas, as palavras não são belas nem grotescas, elas são apenas as palavras e do jeito que as queremos que sejam, do jeito que desejamos que elas nos comuniquem algo conhecido ou desconhecido para nós. as palavras não são as coisas, e as coisas não são as palavras. eu, Tânia, poderia me chamar também os meus outros anagramas: Anita – Inata – Tiana – Niata – Itana... quem sou eu, então? um anagrama de mim mesma, uma espécie humana de palavra multifacetada em nomes formados aleatoriamente pelas mesmas letras, fonemas e morfemas? será que essas outras também me representam?

Tânia Marques  22 de junho de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

amor não é consumo



desliza a vontade, mas vontade não é tudo, e tudo não é desejo, e desejo não é consumo, e consumo não é amor. há que se brincar com as palavras, principalmente com aquelas que são morrinhentas feito azedo, exploração e preconceito. no amor não há vale-quanto-pesa a submissão, porém há o viés do sensível e acolhedor jeito de ser gente de cada um. cada um trilha a sua história, estradeando-a de paz ou rebeldia, não importa, é aceito o ato em si, o ato humano de modificar...seguimos, portanto, com vontade, desejo e amor ...metamorfoseando a vida na Terra.

Tânia Marques 19 de junho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

o que pode a escritura?

a escritura pode tudo ou nada?
com ou sem sentido se escreve?
é possível um registro
descarregado de ideias?
vazio de conexões,
ausente de sentimentos,
sem um "eu" sobrepondo-se a outros "eus"?
era uma vez... um eu-passarinho liberto
do vício de te chamar
entre lírios e emoções
de poema sujeitado,
subjugado a dores e paixões.

Tânia Marques 15 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

. a madrugada .


 .sou amiga da madrugada, sempre fui de varar a noite estudando. a madrugada é gostosa parceira na companhia dos bons livros. uma madrugada chuvosa romântica é. a lua é companheira de estradas madrugadeiras, a lua, a chuva e a vidraça. delas mais me encanta a chuva ou a lua cheia. a lua plena é o sol da noite. madrugada fria, noite gelada, lua congelada, chuva no telhado de zinco... um soninho gostoso chama. chuva forte espanta gatos e demônios do quintal. chuva, lua, gatos e vidraças. a madrugada comanda espetáculos sedutores e silenciosos também dentro das casas, dentro dos quartos e salas das casas. nas camas, sofás, tapetes e almofadas, corpos rolam num bailado encantado, encaixados, abraçados. embriagados de amor, eles fazem promessas infinitas de minutos eternos, ternos. os corpos balbuciam desejos, sussurram carícias inefáveis. a madrugada nunca sente solidão, porque ela está sempre distraída, ela está sempre envolvida com nossas cabeças pensantes de madrigais e músicas estonteantes, com nossas vontades vorazes de angelicais silêncios e demoníacos desejos.

Tânia Marques  03 de junho de 2011.

Fonte da imagem: rabiscandopoesiasrj.blogspot.com

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