sou puxada por ventos, palavras esvoaçantes e beijos estonteantes. não tenho início, não tenho fim, vivo entre a terra árida e os rios carregados de peixes. gosto de sol, gosto de olhar os esconderijos secretos de cada um para ver se lá estou escondidinha. sim, um pedacinho de mim em cada corpo forma-ta-do. viajo numa direção oposta e me solto desse alguém, não tem sentido a vida do complemento parasita, engana-se quem acha que o “re” de representar, de reproduzir é salutar. a vida é percurso de várias voltas, de idas e vindas, de altos e baixos. tenho que deixar que ela fuja do centro que espia e amaldiçoa o seu prazer.
Tânia Marques 28/08/2011
divisão
dicotomia incessante
dia e noite
penetração inevitável
contaminação explosiva
do dia, o caos
da noite, a reflexão
luz e trevas a corromper
estados do sentir imperceptíveis
imagem borrada
indefinida jornada
busca de si atrás de cores obtusas
o corpo já não suporta
aquilo que o espírito digere
é preciso desentranhar-se
estranhar-se no tempo
que não se sabe
Tânia Marques 26 de agosto de 2011
Fonte da imagem:niilismo.net
cavalgar, cavalgar, cavalgar
até derrubar a torre
a torre de que eu falo...
eu falo do falo
que é torre
por assim vertical estar
mas que imana
nunca igual
horizontais sensações ...
Tânia Marques
entre o passado e o presente
entre a vida e a morte
existe uma porta
há um caminho
a verdadeira estrada
a lucidez dos meus doces desejos
a lembrança de enluarados beijos
entre a madrugada e o anoitecer
moram olhares
que nos espreitam
nossa!
quanto prazer!
Tânia Marques 15 de agosto de 2011
Fonte da imagem:
sinto para des-aprender
des-aprendo para sentir
sinto o sentir no vácuo
o grito violenta o silêncio
o silêncio ri o riso da inércia
a inércia é o ócio
o neg-ócio é nada
nada mais que sentir
o silêncio esfacelado
trans-borda-mental
Tânia Marques 11 de agosto de 2011